segunda-feira, 26 de abril de 2010

Recomeço!

Já era hora de retomar o controle sobre as coisas.
Não que eu estivesse empolgada para isso, mas era hora.
Durante um ano, eu não senti a vida passar. Eu vivi por osmose. Esperando. Uma esperança cega. Quase burra.
E como recomeçar?
Eu já não sabia mais paquerar, não sabia me vestir para ir a um lugar desacompanhada, não sabia sair desacompanhada!
Eu não sabia se eu sabia beijar.
E não estava preparada para tirar a roupa para outra pessoa.
Mas essas coisas acontecem naturalmente. Tal qual quando somos adolescentes.
Parece música. Ela é toda harmonica, vai seguindo, envolvendo.
Na primeira vez que tirei a roupa para outra pessoa ainda me lembrei do ex-marido.
Ele existia. E pior: existia no meu coração.
Eu não queria retirar as impressões dele do meu corpo, da minha alma. Estava relutante.
Foi ruim. Horrível.
E eu tentei poucas outras vezes, todas com resultado infrutíferos, que, para contá-las eu usava só uma mão.
Descobri então que era melhor ter amigas do que procurar um homem.
E, vamos combinar, amigas são tudo de bom!
A Cristina, cujo nome seria uma injustiça trocar, foi quem me resgatou. Quem segurou na minha mão, me levou ao ensaio de uma escola de samba (mesmo sem eu saber sambar) e me fez ver felicidade, onde só havia vazio.
E assim a vida seguiu.
O tempo e a experiência me tornaram exautivamente crítica.
Afinal, eu era uma mulher vivida. Não queria qualquer cara. E, se fosse para ter qualquer cara, ficar sozinha era a solução.
Sair e beijar, não era uma grande dificuldade.
Nesta época, eu melhorei um pouco. Comprei roupas novas. Cortei o cabelo. Comprei produtos de beleza. Fumei maconha. Adorei. Fiquei bêbada.
E a vida se tornou um fato consumado.
Eu me tornei mais forte.

Djavan.

Eu quero ver você mandar na razão
Pra mim não é qualquer notícia que abala um coração

Se toda hora é hora de dar decisão eu falo agora
No fundo eu julgo o mundo um fato consumado
E vou embora

Não quero mais, de mais a mais, me aprofundar nessa história
Arreio os meus anseios, perco o veio e vivo de memória

Eu quero é viver em paz
Por favor me beija a boca
Que louca, que louca!

Eu quero ver você mandar na razão...

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